sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Criação de emprego formal cai 38,4% e tem o pior outubro desde 2008

Link original da matéria: http://g1.globo.com/economia/noticia/2011/11/emprego-formal-cai-384-e-tem-o-pior-mes-de-outubro-desde-2008.html

"Criação de emprego formal cai 38,4% e tem o pior outubro desde 2008
No mês passado, foram criados 126 mil postos formais de trabalho.
Na comparação com setembro, queda na criação foi de 39,6%.

Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados nesta sexta-feira (18) pelo Ministério do Trabalho, revelam que foram abertas 126.143 vagas formais em outubro deste ano, uma queda de 38,4% em comparação ao mesmo mês do ano passado, quando foram criados 204.804 empregos formais. Contra setembro deste ano, quando foram abertas 209.078, houve um recuo de 39,6%.

O recuo acontece em meio à crise crise financeira internacional. "O maior efeito da crise atinge hoje a grande metrópole, que é São Paulo. Temos lá o maior parque industrial do Brasil. A crise diminui muito as encomendas. Com isso, estado de São Paulo sofre mais. A criação de empregos [em São Paulo] representou a metade do que fez no mesmo mês de 2010. Acrescido o efeito sazonal da produção agrícola, das safras de café e cana-de-açúcar em São Paulo e Minas Gerais", disse o ministro do Trabalho, Carlos Lupi.

O resultado é o pior para um mês de outubro desde 2008, quando foram abertos cerca de 61 mil empregos com carteira assinada. Naquele momento, a economia brasileira também se ressentia dos efeitos da primeira etapa das turbulências externas - que eclodiram em setembro daquele ano com o anúncio de concordata do banco norte-americano Lehman Brothers.

Acumulado do ano

No acumulado de janeiro a outubro deste ano, ainda segundo números oficiais do Ministério do Trabalho, o número de empregos com carteira assinada alcançou 2,24 milhões. O resultado representa uma queda de 18,3% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram abertas 2,74 milhões de vagas.

Os números de criação de empregos formais do acumulado deste ano, e de igual período de 2010, foram ajustados para incorporar as informações enviadas pelas empresas fora do prazo.

Além de ter registrado queda frente ao ano passado, os dados do governo mostram que a criação de empregos formais, de janeiro a outubro deste ano, também ficou abaixo do resultado registrado em igual período de 2008 - quando foram criados 2,33 milhões de empregos com carteira assinada.

Meta de 3 milhões de vagas não será atingida

Há dois meses, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, admitiu que a criação de empregos com carteira assinada em 2011 deve ficar abaixo da meta inicial de três milhões de vagas. Segundo ele informou nesta sexta-feira, a criação de empregos formais, com a incorporação dos servidores públicos (números da Rais, que só saem no próximo ano, com a incorporação dos dados dos servidores públicos), deve ficar abaixo de 2,4 milhões neste ano.

Para 2012, o ministro do Trabalho admitiu que a crise deve ter impacto na criação de empregos formais. Entretanto, afirmou que a criação de vagaqs não deve ser impactada como em 2009 - ano marcado por fraco desempenho por conta das turbulências externas iniciadas em 2008 com a concordata do Lehman Brothers.

Em 2009, foram criados 1,16 milhão de vagas formais pelo Caged, contra 2,14 milhões em 2008 - um recuo quase pela metade de vagas abertas. "Não acredito que caia pela metade [em 2012]", disse ele.

Ele acrescentou, entretanto, que não "tem como medir isso"."A crise internacional está assustando muito o mecado interno, que diminui as contratações, que estão se garantindo hoje no mercado interno. o governo baixa os juros, dá alguns incentivos, como diminuições de impsotos para setores estratétgicos, linhas de crédito para outros setores. Tudo isso tem efeito, mas o efeito não é imediato", declarou o ministro Lupi."

terça-feira, 25 de outubro de 2011

"Não pedimos para botar ouro nos banheiros dos estádios", diz Fifa

E quem disse pra eles que vai ter ouro?? Com ouro são outros quinhentos...


"Não pedimos para botar ouro nos banheiros dos estádios, diz Fifa

Pelo orçamento da Copa-2014, os estádios brasileiros custarão mais do que o dobro dos sul-africanos no Mundial-2010.

O fato não se justifica pela diferença no número de arenas, 12 contra 10, já que os valores brasileiros atingem valores de US$ 3,9 bilhões (R$ 7 bilhões) contra US$ 1,6 bilhão (R$ 2,85 bilhões) dos africanos. Mas o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, nega ter feito exigências extraordinárias ao país em relação à Copa-2010 que justifiquem um aumento desse tamanho nos gastos com os locais dos jogos.

Segundo ele, as demandas da entidade não cresceram em relação ao evento anterior. Ressalta que estádios de Copa do Mundo são estádios de Copa do Mundo, sem grandes diferenças entre si. E afirmou que, se há diferença nos orçamentos, os custos do Brasil e a intenção dos organizadores do Brasil de fazerem estádios mais sofisticados são a explicação para isso.

Valcke não se mostra preocupado em não ter prontos os estádios na estreia da Copa. Acredita que deve ter as arenas prontas até dezembro de 2013/div>



Folha- Em comparação entre África do Sul e Brasil, houve um aumento dos custos de estádios que mais do que dobrou. O que o senhor acha que aconteceu? As exigências da Fifa aumentaram ou foi o meio-ambiente do Brasil que elevou os custos?

Jérôme Valcke - Definitivamente, não foi a Fifa. Não é porque trabalho na Fifa que estou defendendo para não ser criticada. Mas não vem da Fifa. O nível de exigências que pedimos tem a ver com o período em que vivemos. Mas não estamos pedindo mais, mais especificidades no estádios do que na África do Sul. No final, um estádio é um estádio. Estádio, campo, salas, salas técnicas... Não pedimos para botar ouro nos banheiros, ou diamantes nas salas. Não pedimos um esquema especial de som ou vídeo diferente da África do Sul. De novo, um estádio de Copa do Mundo é um estádio de Copa do Mundo. É verdade que quando você vai usar a TV HD pode precisar de mais luz. Mas já fizemos na África do Sul. Infelizmente no Brasil, o custo de concreto, de aço, cimento é mais caro e, quando paga em dólar, quando a cotação não é boa, embora a do Brasil não seja ruim. Depende da qualidade do estádio que você quer construir. Se quer um telhado especial, definitivamente, é mais caro do que sem telhado. A Fifa não aumentou o número de requerimentos da África do Sul que justifique que os estádios custem muito mais do que África do Sul. São várias, várias coisas, mas não é a Fifa.

Os estádios serão mais sofisticados do que na África do Sul?

Os estádios da África do Sul são bem legais. Vi designs de Brasília. Com certeza, no Maracanã, é uma quantidade imensa de trabalho. Ninguém deve achar que é um estádio fácil de ser reconstruído. A maioria [dos estádios] não é só usada para jogos. Pelo que vi das fotos e designs dos estádios no Rio, há centros comerciais, e outras facilidades, para recuperar os custos mais rápido. É um centro de vida, não só de esporte. Os estádios, baseados nos designs, são bastante impressionantes.

Agora que os senhores estão com a tabela pronta estão preocupados com o andamento das obras dos estádios? Ou estão satisfeitos?

Para estar satisfeito, será no dia depois da final. Quando tudo acabar. Eu não posso estar satisfeito antes, o que faz sentido. Definitivamente, há uma preocupação no nível de preparação falando da Copa das Confederações. Por isso, reconhecemos que quatro estádios estão ok, mas há potencial para adicionar dois em junho de 2012 [data para decidir se Recife e Salvador entram]. Se não fazemos a tabela com quatro jogos. Para a Copa, não há muito preocupação. Alguns estádios vão ser entregues um pouco tarde, mas serão antes do primeiro jogo da Copa. Um dos maiores desafios é o Maracanã porque há um grande nível de trabalho. Não acho que exista nenhum estádio que, hoje, tenho medo. Nós esperamos que não sejam entregues tão tarde, pelo menos em dezembro de 2013, para que possamos fazer um teste. Não estou preocupado com estádios. Vocês sempre terão os estádios. Não é esse o ponto. O ponto é ter certeza de que em volta dos estádios esteja pronto."


terça-feira, 18 de outubro de 2011

Criação de empregos formais cai 16,5% no ano, para 2,07 milhões

Em setembro, empregos formais criados somam 209 mil vagas, diz governo. Segundo governo, foi o pior mês de setembro desde o ano de 2006.

O número de empregos com carteira assinada alcançou 2,07 milhões de janeiro a setembro deste ano, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados nesta terça-feira (18) pelo Ministério do Trabalho.

O resultado no acumulado do ano representa uma queda de 16,5% em relação ao mesmo perído do ano passado, quando foram abertas 2,49 milhões de vagas. Os números de criação de empregos formais do acumulado deste ano, e de igual período de 2010, foram ajustados para incorporar as informações enviadas pelas empresas fora do prazo.

Além de ter registrado queda frente ao ano passado, os dados do governo mostram que a criação de empregos formais, de janeiro a setembro deste ano, também ficou abaixo do resultado registrado em igual período de 2008 - quando foram criados 2,25 milhões de empregos com carteira assinada.


Mês de setembro

Só em setembro, foram abertas 209.078 vagas formais, uma queda de 15,3% frente ao mesmo mês do ano passado, quando foram criados 246.875 empregos formais. Foi o pior resultado para um mês de setembro desde 2006, quando foram abertos 176.735 empregos com carteira assinada.

"O principal fator da diminuição [da abertura de vagas formais] é a indústria de transformação. [O fator de ser o pior setembro em cinco anos] não preocupa. Estamos no meio de uma crise internacional, onde a resposta da demanda interna continua muito forte. A geração de emprego, apesar de ser abaixo da média, é muito robusta. Foi acima de 200 mil, maior do que o mês anterior [de agosto, quando foram abertas 199 mil empregos]", disse o ministro do Trabalho, Carlos Lupi.

Meta de 3 milhões de vagas não será atingida

No mês passado, Lupi admitiu que a criação de empregos com carteira assinada em 2011 deve ficar abaixo da meta inicial de três milhões de vagas. Segundo ele, a criação de empregos formais, com a incorporação dos servidores públicos (números da Rais, que só saem no próximo ano, com a incorporação dos dados dos servidores públicos), deve ficar entre 2,7 milhões e 2,9 milhões neste ano.

Somente os dados dos empregos celetistas, divulgados no resultado do Caged mensalmente, segundo Lupi, devem registrar a criação de 2,3 milhões a 2,4 milhões de vagas neste ano. "O crescimento do PIB deve ficar em 4% neste ano. Sobre o emprego formal, os meses de outubro e novembro serão muito fortes. Os serviços, o comércio varejista e atacadista devem se destacar. Acho que em dezembro deste ano, o recuo vai ficar na média [cerca de 400 mil empregos fechado]", declarou ele.

Link da matéria: http://g1.globo.com/economia/noticia/2011/10/criacao-de-empregos-formais-cai-165-ate-setembro-para-207-milhoes.html

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Dilma admite que saúde tem "problema sério"

Link da matéria: http://noticiasecotacoes.itau.com.br/noticias_cotacoes/popup.aspx?url=noticia/mostra.aspx?codigo=20110929113048.info.1

"Dilma admite que saúde tem 'problema sério'

Brasília, 29 - A presidente Dilma Rousseff admitiu hoje que a área de saúde enfrenta um "problema sério de gestão", durante entrevista ao vivo ao programa "Hoje em Dia", da TV Record. Para a presidente, não é possível aceitar que a saúde no Brasil "não precisa de mais dinheiro".

"Tem um problema sério de gestão sim. A gente tem recursos e o uso desse recurso tem de ser melhorado", disse a presidente, ao ser questionada pelo apresentador se dava para melhorar a saúde do Brasil e se era necessário um novo imposto para isso.

"Não estou pedindo hoje um aumento de impostos. Nós vamos melhorar a gestão da saúde nesse País e, quando ficar claro para a população que ela precisa de mais coisa, ela mesma vai se encarregar de pedir. Temos de provar, o governo federal, estaduais, municipais, que nós podemos gerir bem a saúde e a partir daí começar a conversar claro para a população", comentou Dilma.

Segundo Dilma, é possível "contar nos dedos" os países que oferecem serviço universal de saúde, gratuito e de boa qualidade. A presidente observou que o Brasil investe menos per capita do que países vizinhos. "Se você olhar, a Argentina per capita investe mais em saúde do que nós, 42% a mais, o Chile, 27% a mais, e se você olhar o setor privado versus o setor público, o setor privado per capita está colocando 2 vezes e meia mais.

Rafael Moraes Moura e Tânia Monteiro"

"Bandidos escondidos atrás da toga"

Link da matéria: http://www1.folha.uol.com.br/poder/982637-cnj-diz-que-35-desembargadores-sao-suspeitos-de-crimes.shtml

"CNJ diz que 35 desembargadores são suspeitos de crimes

Ao menos 35 desembargadores são acusados de cometer crimes e podem ser beneficiados caso o STF (Supremo Tribunal Federal) decida restringir os poderes de investigação do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), informa reportagem de Flávio Ferreira, publicada na Folha desta quinta-feira (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).

Os desembargadores são juízes responsáveis por analisar os recursos contra sentenças nos tribunais de Justiça. Formam a cúpula do Judiciário nos Estados.

O Judiciário foi palco de uma guerra esta semana após declaração da corregedora nacional de Justiça, Eliana Calmon, de que o Poder sofre com a presença de "bandidos escondidos atrás da toga".

A corregedora tenta evitar que o Supremo restrinja a capacidade de investigação do CNJ ao julgar uma ação proposta pela AMB (Associação dos Magistrados do Brasil).
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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

SAMU na UTI!

Link da matéria: http://gazetaweb.globo.com/v2/noticias/texto_completo.php?c=241347

"Samu tem ambulâncias sucateadas e 1,2 mil veículos novos parados

Fantástico percorreu sete estados e encontrou um cenário preocupante no Samu: ambulâncias abandonadas, com estepe amarrado à atadura

O Fantástico apresenta a triste radiografia de um serviço público essencial: as ambulâncias do Brasil precisam de socorro. Percorremos sete estados e, além de flagrantes absurdos de precariedade, descobrimos que mais de 1,2 mil ambulâncias novas estão paradas, abandonadas - um desperdício de dinheiro público.

Um homem sofre convulsões e é resgatado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que atende 112 milhões de brasileiros. Em um acidente de trânsito, uma mulher precisa de socorro, e também é o Samu que entra em ação. “Mesmo o rico, o pobre, toda pessoa pode sofrer um acidente, e o primeiro atendimento é o Samu”, afirma o procurador da República Alan Mansur Silva.

Mas, no Brasil inteiro, o péssimo estado de muitas ambulâncias prejudica o socorro. Uma ambulância só tem um limpador de para-brisa. O óleo está vazando, e a tampa do reservatório de água é uma luva cirúrgica improvisada. Quando chove, pinga dentro da ambulância, inclusive na cabeça do paciente.

Para registrar flagrantes, as equipes percorreram sete estados. Em quatro semanas, rodamos mais de três mil quilômetros. Dezenas de denúncias foram recebidas e investigadas. Em áreas remotas, constatmos: o pior problema é a falta de ambulâncias, como na Amazônia Paraense, onde acompanhamos em tempo real o drama de um menino. “Nossa 192 foi embora e até agora não voltou mais”, conta a mãe do menino, Cira Rodrigues.

Em outros estados, como Paraíba, São Paulo, Minas Gerais e Paraná, ambulâncias novas existem aos montes, mas estão paradas. Nunca transportaram um paciente sequer. São mais de 1,2 mil no país todo. Para não chamar a atenção, algumas foram escondidas. Atrás de um muro, tem mais uma ambulância.

Sábado à noite em Aracaju, a capital de Sergipe, o estepe de uma ambulância está amarrado com ataduras. E esse não é o único problema. A ambulância não tem macaco nem chave de roda. “Se a viatura parar, onde parar fica”, comenta o condutor.

Segundo a Secretaria de Saúde de Sergipe, o estado tem 50 veículos do Samu. Em Estância, 64 mil habitantes, a 70 quilômetros da capital, uma fita adesiva ajuda a prender o volante. O velocímetro sofreu uma pane elétrica. Como o freio de mão também está com problema, uma pedra serve de calço.

Há dois meses, Maria José Santos, de 41 anos, precisou do Samu de Estância. Como a ambulância estava quebrada, veio uma de Boquim, a 30 quilômetros do local. Os atendentes decidiram levar a doente para Aracaju, onde fica o principal hospital do estado, mas no meio da viagem... “A ambulância quebrou, o cabo do acelerador, no meio da BR. Ficou mais ou menos meia hora para outra vir”, contou Izilaine Souza Santos, filha de Dona Maria. Maria morreu antes de dar entrada no hospital, três horas depois do pedido de socorro.

O Ministério da Saúde recomenda que o tempo entre a ligação para o 192 e a chegada ao hospital seja de 15 minutos. A Secretaria de Saúde de Sergipe disse que vai comprar, com dinheiro próprio, mais 30 ambulâncias em até 90 dias e reconheceu que houve demora no atendimento da Dona Maria.

“Esse tempo foi insuficiente para chegar no momento necessário para dar a sobrevida ao paciente”, admite o secretário de Saúde de Sergipe, Antônio Carlos Guimarães.

Ainda em Aracaju, a equipe de reportagem localizou seis ambulâncias do Samu sendo usadas irregularmente. Uma delas não tem placas, não tem documentação e, no Detran, nem existe. “Elas estão rodando com autorização especial, porque são ambulâncias recém-doadas pelo Ministério da Saúde”, alegou o secretario de Saúde de Aracaju, Silvio Santos.

“Nós não podemos admitir isso. Não existe autorização especial para rodar sem placa. Nós vamos auditar e encaminhar ao Ministério Público e aos órgãos policiais. Isso é uma ilegalidade no Brasil”, afirmou Helvécio Magalhaes Junior, secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde.

O serviço 192 funciona assim: na chamada central de regulação do Samu, os primeiros a responder a uma ligação são técnicos. Geralmente, uma única central é responsável pelo atendimento em várias cidades. A coordenação é feita por médicos, que decidem se é preciso enviar socorro – isso quando existe ambulância.

Na base do Samu, que atende a região de Aracaju, um funcionário diz que chega a ficar sem fazer nada o dia inteiro. “Ficamos de prontidão, mas sem atividade nenhuma, descansando. Nossa ambulância já está há um bom tempo em manutenção”, revela.

“Diariamente, nós temos 14 ou 15 viaturas fora de circulação por problemas de manutenção, por problemas de quebra da viatura”, comenta Samanta Bicudo, presidente do sindicato do Samu em Sergipe.

É o Ministério da Saúde que compra as ambulâncias do Samu e ajuda a criar as centrais de regulação. Depois, para manter o serviço, os custos são divididos: metade para o governo federal e metade para estados e municípios. Só em 2010, o Ministério da Saúde repassou R$ 369 milhões.

Em Alagoas, uma família diz ter sido tratada com descaso pelo Samu de Maceió. Jardilaine Maria do Carmo, de 20 anos, estava grávida de nove meses. “Eu estava precisando, ninguém ajudou”, diz.

“Comecei a ligar para o Samu. O médico disse: ‘Eu não posso fazer nada. Você pega um carro e vai para a maternidade’. Eu disse: ‘Mas ela não pode ir para a maternidade. Ela está sentindo muita dor e o bebê já está nascendo’. Ele falou ‘Não posso fazer nada’ e desligou o telefone”, conta a dona de casa Elaine Maria do Carmo, tia de Jardilaine.

Segundo a família, o bebê nasceu em casa e morreu 30 minutos depois. O laudo do Instituto Médico Legal diz que o óbito aconteceu dentro do útero.

“Foram instaurados os procedimentos para averiguar a fundo se realmente houve alguma culpa do serviço e, lógico, tendo a culpa, tem que ser tomadas as medidas necessárias”, declarou o secretário de Saúde de Alagoas, Alexandre de Toledo.

Em geral, para as equipes do Samu, conseguir levar o paciente ao hospital significa missão cumprida. Mas nem sempre é assim. Veja o que acontece no Hospital Geral de Emergência de Maceió, um dos principais de Alagoas.

“O paciente é deixado no hospital. Como não tem leito, ele fica ocupando a maca da ambulância até que seja liberada”, diz um atendente. E se houver um chamado? “Deixa a população de ser atendida por um simples problema de maca”, acrescenta o atendente.

Dentro do hospital, os pacientes ficam nos corredores. Um rapaz foi trazido pelo Samu com fraturas expostas no pé e no braço. Só depois de uma hora, a maca da ambulância é liberada. “As ambulâncias chegam a ficar 12 horas paradas, aguardando maca”, continua o atendente.

A equipe esteve por dois dias no Hospital Geral de Maceió. No dia 17 de setembro, à 1h, cinco ambulâncias estavam paradas, porque as macas estão bloqueadas dentro do hospital. O secretário de Saúde de Alagoas, Alexandre de Toledo, não vê solução: “É um problema conjuntural. Essa questão hoje de urgência e emergência no país acarretando vários prejuízos à população”.

A equipe também esteve por dois dias em outro grande hospital público do Nordeste. O Hospital de Urgência de Sergipe, em Aracaju, também estava superlotado e usava as macas do Samu. Uma ambulância chegou por volta das 21h. Às 23h, e continuava parada. Isso porque o hospital não liberou a maca.

“Os hospitais do interior, todos, praticamente, entraram em construção ou em reforma no mesmo tempo e levou a um estrangulamento na nossa rede assistencial. A gente tem agora o prazo até o começo de 2012 para estar pronto”, afirmou o secretário de Saúde de Sergipe, Antônio Carlos Guimarães.

E em locais ainda mais pobres e de acesso difícil, como a Amazônia? Como será o atendimento? Para socorrer a população ribeirinha, existem as chamadas “ambulanchas”. Em uma marina de Belém, duas delas estão paradas aguardando conserto.

Na Ilha de Cotejuba, a oito quilômetros da capital paraense, os dez mil moradores estão sem “ambulanchas” há três meses. A situação se repete em outras 16 ilhas da região.

“Meu pai teve um AVC de madrugada”, contou o mercante Gilberto Brito. “Liguei umas quatro ou cinco vezes para o Samu. Só ficava tocando uma música e ninguém atendeu a gente”, reclama a comerciante Helen Rose Brito.

“Você leva, às vezes, duas ou três horas escutando aquela música e não é atendido”, afirma Carlos Costa, diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Pará.

Só depois de cinco horas, quando o barco que faz a travessia de passageiros começou a funcionar, é que Jorge Mendes da Silva foi levado para Belém. No mesmo dia, ele sofreu outro acidente vascular cerebral. Depois de duas semanas internado, morreu, aos 74 anos. “A gente se sente abandonado. Não tem a quem recorrer”, lamenta a comerciante Helen Rose Brito.

Nossa equipe registrou, em tempo real, o drama de um menino, de 2 anos. Wellington tem febre alta e convulsões. “Tentou controlar com uma medicação oral. Não é competência minha fazer a medicação do paciente. Eu sou só um técnico em enfermagem. A temperatura da criança não cedeu. Voltou a subir novamente. Tinha que ter um médico [de plantão], mas não tem”, contou o técnico em enfermagem Raimundo Cota.

O menino precisa ser transferido para Belém. Por telefone, um policial militar avisa que uma equipe do Fantástico acompanha tudo. Em uma hora, aparece uma lancha dos bombeiros.

É uma ajuda improvisada, porque a lancha não era para transportar pacientes. “Com certeza”, concorda um bombeiro. Entre a chegada da família ao posto de saúde da ilha e a entrada no hospital de Belém, passaram-se quatro horas. Wellington já teve alta. O Ministério Público Federal quer que o serviços das “ambulanchas” seja regularizado imediatamente e os responsáveis, punidos.

“Pessoas vão ficar sem atendimento e podem correr risco de morte pela falta de atendimento emergencial”, alerta o procurador da República no Pará, Alan Rogério Mansur Silva.

O diretor geral do Samu de Belém, José Guataçara Gabriel, disse que na quarta-feira uma “ambulancha” que estava em reforma voltará a funcionar e avalia que o atendimento à população não foi prejudicado. “Não deixaram de serem atendidos nossos pacientes nas ilhas, porque nós temos uma parceira com o Corpo de Bombeiros”, declarou José Guatassara Gabriel.

A equipe cobrou também explicações também sobre a falta de atendentes na central de regulação. “Se for necessário, com certeza, nós vamos aumentar o numero de funcionários”, acrescentou o diretor geral do Samu de Belém.

Em alguns lugares, faltam ambulâncias. Em outros, elas circulam caindo aos pedaços. Mas esses não são os únicos problemas do atendimento de emergência. No ano passado e neste ano o Ministério da Saúde entregou 2.312 ambulâncias novas. Só que 1.215, mais da metade, estão paradas. Custaram mais de R$ 160 milhões e nunca salvaram uma vida. Se todas estivessem rodando, a frota nacional, que atualmente é de 1.788 ambulâncias, aumentaria quase 70%.

No Paraná, segundo o governo do estado, são 144 ambulâncias novas – e paradas. A Secretaria de Saúde disse que foram distribuídas sem a implantação da estrutura necessária e informou que, até o começo do ano que vem, a maioria estará circulando.

O Fantástico foi também à Paraíba, um dos estados que mais receberam ambulâncias do Samu ano passado: 160. Na cidade de Juripiranga, de dez mil habitantes, a equipe de reportagem pediu autorização para entrar em uma casam e a ambulância está escondida do outro lado do muro.

A equipe do Fantástico percorreu mais de 500 quilômetros à caça desses veículos novos. Na cidade de Sapé, a equipe tentou encontrar mais duas ambulâncias que estão paradas há mais de um ano. Ao passar por dentro do hospital da cidade, de 50 mil moradores, e encontrar os veículos no estacionamento, a equipe ligou para o 192.

Repórter: Eu estou aqui em Sapé. Aqui não tem Samu?
Atendente: Não.
Repórter: Então, se precisar, não tem Samu em Sapé?
Atendente: Hoje, se precisar hoje, não.

“Estamos fazendo nossa parte, que é a construção da base no nosso município, que estará pronta no próximo dia 15 de outubro”, garantiu o secretario de Saúde de Sapé, Garibaldi Pessoa.

Em Guarabira, de 55 mil habitantes, há três ambulâncias novas paradas, incluindo uma sofisticada UTI móvel. “Está faltando um processo de organização da central de regulação de João Pessoa, da prefeitura de João Pessoa”, apontou a secretária de Saúde de Guarabira, Alana Soares Brandão Barreto.

“Não se estrutura uma rede do dia pra a noite. Você leva um tempo, tanto para construção, para ter equipe”, se defende a secretária municipal de João Pessoa, Roseana Maria Barbosa Meira.

Repórter: Vocês não estão começando a casa pelo telhado desse jeito? Primeiro entrega a ambulância para depois ter estrutura? Não é estranho?
Cláudio Teixeira Régis, coordenador do Samu: É bastante estranho. Essa distribuição, que aconteceu ainda na gestão estadual anterior, foi feita dessa forma.

O atual secretário estadual de Saúde da Paraíba, Waldson Dias de Souza, também culpa o governo anterior: “Critérios políticos que definiram a quem o estado iria agraciar naquele momento”. Ele concorda que, se fosse uma escolha técnica, alguns municípios não receberiam ambulância: “Não receberiam, porque não têm condição nenhuma de compor uma região de saúde e nem serviços para poder regular estas ambulâncias”.

Segundo o secretário, das 160 ambulâncias novas, 90 ainda estão paradas. “A gente tem o objetivo central que é colocar em funcionamento todas as bases e redefinir o que for preciso dessas que não têm hoje o critério de ser uma base Samu”, continuou Waldson Dias de Souza.

Procuramos o ex-governador José Maranhão. Por ele, falaram dois ex-secretários, que afirmaram que a distribuição das ambulâncias não foi política. Em nota, disseram que a entrega seguiu os critérios do Ministério da Saúde.

Ambulâncias novas que não prestam atendimento existem também em Minas Gerais. Foram doadas 72 no ano passado. Nenhuma circula. Em nota, a Secretaria de Saúde informou que, para não atrasar a implantação de bases do Samu, resolveu solicitar as ambulâncias com antecedência, em 2010, e que 48 veículos devem rodar até o fim do ano.

Segundo o Ministério da Saúde, 281 veículos foram enviados em 2010 e neste ano para São Paulo. Ao todo, 242 estão parados, espalhados por quase todo o estado. No caso paulista, as ambulâncias são entregues diretamente às prefeituras.

Na capital, a equipe de reportagem encontrou mais um problema. Três ambulâncias de uma base, que atende inclusive a um trecho da Via Dutra, entre São Paulo e Rio, não podem circular, porque estão sem licenciamento desde 2009. A Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo disse que o processo de regularização está em fase final.

O Ministério da Saúde informou que, agora, os municípios têm 90 dias, a contar do recebimento da ambulância, para iniciar o atendimento. Com uma novidade: a fiscalização vai ser informatizada e em tempo real.

“Vamos ter o controle do funcionamento real de cada ambulância, de cada Samu municipal ou regional. Nós estamos aprimorando os controles para o bom uso do recurso público”, afirmou Helvécio Magalhaes Junior, secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde.

Ambulâncias paradas podem ser remanejadas para outras cidades. “Nós determinamos um ofício aos municípios e estados cobrando uma solução. Nós não podemos permitir que ambulâncias fiquem paradas e as pessoas precisando”, acrescentou Helvécio Magalhaes Junior, do Ministério da Saúde.

Durante a reportagem, não encontramos problemas só em ambulâncias do Samu. Mesmo veículos mais simples, de manutenção barata, rodam em péssimas condições. Uma ambulância da Secretaria Municipal de Saúde de João Pessoa (PB) está amassada, enferrujada, com para-brisa quebrado e sem licenciamento há três anos. Depois de procurada pela equipe, a secretaria decidiu tirar o veículo de circulação.

No interior de São Paulo, uma ambulância da Secretaria Municipal de Saúde de Guaimbê se envolveu em um caso grave. Quando voltava de uma consulta, em maio passado, o aposentado Miguel Serafim caiu do veículo em movimento e ninguém percebeu.

“Abriram as duas portas laterais, desceu o carrinho da maca no asfalto, e eu desci junto. Aí eu fiquei”, conta. “Só quando chegou na porta de casa que o motorista foi abrir a porta, não tinha mais ninguém dentro”, relatou Isabela Serafim, filha do aposentado.

Com traumatismo craniano, Seu Miguel foi encontrado por funcionários da concessionária da estrada. A polícia e a prefeitura apuram se foi a porta estava destravada ou com defeito.

Quem depende do serviço público de ambulâncias faz um apelo. “É gente que está morrendo, é gente que está adoecendo. Eu pediria pelo amor de Deus que eles olhassem só um pouquinho para a gente”, diz a comerciante Helen Rose Brito."

sábado, 24 de setembro de 2011

Mais de 1/3 do PIB é imposto!

Link da matéria: http://www1.folha.uol.com.br/poder/979896-carga-tributaria-brasileira-sobe-para-336-do-pib-em-2010.shtml

"Carga tributária brasileira sobe para 33,6% do PIB em 2010

A carga tributária bruta brasileira em 2010 subiu para 33,56% do PIB (Produto Interno Bruto), informou há pouco a Receita Federal. No ano retrasado, o percentual havia sido de 33,14%.
Brasileiro ignora crise e gasto no exterior bate recorde em agosto
Governo descarta proposta de gastar 10% da receita com saúde
Oposição comemora derrubada na Câmara de novo imposto da saúde

O aumento decorreu do crescimento de 7,5% do PIB e de 8,9% da arrecadação tributária nos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Em 2010, a arrecadação tributária bruta totalizou R$ 1,2 trilhão.
De acordo com a nota divulgada pela Receita nesta sexta-feira, esse incremento deve ser explicado pela forte atividade econômica no ano passado.
"A evidência mais clara dessa resposta elástica ao crescimento econômico reside no fato de a expansão da receita tributária ocorrer, principalmente, em tributos vinculados ao valor agregado (Cofins e IPI) e à massa salarial (contribuição previdenciária ao INSS", afirma nota divulgada pela Receita Federal.

MAIS IMPOSTO

Na semana passada, o governo federal anunciou um aumento de 30 pontos percentuais nas alíquotas de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de carros e caminhões que tenham menos de 65% de conteúdo nacional.
Ficam livres do aumento as montadoras que comprovarem investimentos em inovação. Um carro popular até mil cilindradas teve o IPI alterado de 7% para 37%.
A medida, no entanto, gerou protestos de montadoras estrangeiras, que recorreram à Justiça para adiar a cobrança.

ARRECADAÇÃO

A arrecadação de tributos federais, divulgados ontem pela Receita Federal, somou R$ 74,6 bilhões em agosto, um aumento de 8,1% em relação ao mesmo período do ano passado, já considerada a inflação do período.
Mesmo com o pagamento de R$ 2,8 bilhões em tributos extraordinários, houve uma desaceleração no ritmo de crescimento da arrecadação no ano. Em relação ao mês de julho, há uma queda real de 17,6%.
Até agosto, o governo federal já recolheu R$ 639 bilhões em impostos, valor 13,26% maior do que nos oito primeiros meses de 2010. De janeiro a julho, a taxa de crescimento da arrecadação era de 14%.
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